“Diferentemente dos outros animais, que são apenas inacabados, mas não são históricos, os homens se sabem inacabados. Têm a consciência de sua inconclusão. Aí se encontram as raízes da educação mesma, como manifestação exclusivamente humana, isto é, na inconclusão dos homens e na consciência que dela tem.” (FREIRE: Pedagogia do Oprimido, 2014, p. 102)
Neste 15 de Outubro, data em que o Brasil celebra o Dia do Professor graças a Antonieta de Barros (1901-1952), partilho este retrato que tirei lá no Espaço da Ciência, um parque dedicado à divulgação científica que fica na divisa entre Olinda e Recife, em que estou na companhia de um recifense arretado que é o Mestre-dos-mestres que nosso país legou ao mundo; na ocasião eu vestia minha camiseta da Chico Rei (MG) em que uma das melhores frases do Paulo Freire vem realçada: “Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é tornar-se o opressor.”
Nestes 10 anos em que já exerço o ofício de educador no @ifg_oficial pude descobrir que professor me tornei sem nunca ter deixado de ser aprendiz, e que é assim que tem que ser: perpétuo estudante, pesquisador inquieto, com ganas de aprender sempre mais, eu ensino aprendendo e aprendo ensinando. No filosofar-juntos, aprendemos ensinando-nos.
Ninguém me perguntou, mas acho que os 2 melhores livros que já li no campo da educação são “A Pedagogia do Oprimido” e a “Psicologia Pedagógica” de Vigotski. Esta admiração por estes dois gênios, que tanto me ensinaram e que tanto me ajudaram a dar conta do recado de devir-professor apesar de não ter cursado uma licenciatura, me levou a escrever o seguinte texto que me voltou à lembrança hoje, e que sintetiza muito do que penso sobre a arte de educar, esta atividade enraizada em nossa ontológica incompletude, inconclusão e imperfeição, mas que expressa nossa ânsia insuprimível por ser-mais, saber-mais, poder-mais, confluir-mais:
“Não nascemos prontos nem morreremos concluídos: sobre inconclusão e educação emancipatória em Paulo Freire e Vigotski” (apresentado no Congresso Internacional Freire-Vigotski realizado em 2021 pela UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina): https://acasadevidro.com/paulo-freire-e-vigotski/
Aproveite pra saber mais sobre a icônica heroína brasileira Antonieta de Barros, primeira mulher negra a assumir um mandato popular no Brasil, responsável por uma lei estadual (catarinense), em 1948, que depois o presidente Jango nacionalizou, em 1963, instituindo o 15 de Outubro como data nacional: https://pt.wikipedia.org/wiki/Antonieta_de_Barros
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Publicado em: 16/10/24
De autoria: Eduardo Carli de Moraes
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